
O projeto foi realizado pelo Institute of Medicine, tendo por autores os doutores Stanley J. Watson e John A. Benson, bem como a doutora Janet E. Joy. A sua publicação ocorreu na revista Archives of General Psychiatry, em junho de 2000.
*O papel da maconha na dor.
A realização de estudos, tanto em animais quanto em humanos, permitiu evidenciar um possível efeito analgésico importante do uso da maconha. Entretanto, ainda são necessárias mais investigações para determinar a magnitude e a duração de tal efeito, analisado nas diversas condições clínicas.
Até agora, os pacientes que poderiam ser beneficiados com um uso terapêutico da maconha são aqueles em uso quimioterápico, em pós-operatório, com trauma raquimedular (lesão da coluna vertebral com acometimento da medula), com neuropatia periférica, em fase pós-infarto cerebral e com AIDS, ou em qualquer outra condição de dor crônica.
A utilização da maconha em uso medicinal é defendida veemente por oncologistas e pacientes. Mesmo quando comparada com outros agentes, no caso de ter um efeito menor que os medicamentos já existentes, se seu uso for associado a outros antieméticos, os efeitos podem ser aumentados e a sua dosagem a pacientes quimioterápicos com náuseas e vômitos pode ser eficiente.
De maneira que afeta o movimento (em doses altas, causa inibição; em doses baixas, causa estimulação), a maconha pode auxiliar no controle do espasmo muscular, encontrado em esclerose múltipla e no trauma raquimedular. Contudo, acompanhada de uma análise cuidadosa quanto ao fato de atuar no controle da ansiedade, sintoma periférico destas doenças, e não, necessariamente, no espasmo. Também, no caso de pacientes da Doença de Parkinson, pode oferecer uma alternativa para o controle motor.
Para pacientes com glaucoma, doença para a qual o uso terapêutico da maconha é mais citado como indicação, o uso não encontra suporte nos dados existentes. A alta pressão intra-ocular, um dos fatores de risco, poderia ser diminuída com a utilização da erva, mas somente em doses altas e em curta duração. E, de maneira que altas dosagens da maconha causam muitos efeitos indesejáveis, assim como as medicações existentes têm apresentado bom resultado com efeitos colaterais mínimos, os autores pensam que para essa condição o uso não é indicado.
Em suma, os dados demonstram um uso terapêutico modesto, particularmente, no controle da dor, no alívio de náuseas e vômitos, e na estimulação do apetite. Os efeitos foram melhor estabelecidos para o THC, sendo que a maconha também é constituída por outros inúmeros componentes que ainda não foram testados.
As atuais análises não afastam, nem fornecem suporte, para a hipótese de que o uso medicinal da maconha poderia aumentar o uso ilícito da droga. Ao final do estudo supracitado, os autores concluíram que o futuro do uso terapêutico está associado com o desenvolvimento de substâncias puras, e não com o fumo da maconha.
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